terça-feira, 18 de março de 2014

Uma Historia que vale a pena ser lida.

Uma Historia que vale a pena ser lida.
Exemplo de amor ao proximo.
Vale a pena ler. Depoimento de um funcionário da defesa civil de Petrópolis, que ficou soterrado em um salvamento nas chuvas em 2013. Ricardo Correa Defesa civil de Petrópolis rj , QUE Deus te abençoe cada dia mais!

Exatamente a um ano, eu olhava para o rosto de uma criança, em seguida ouvi um barulho muito forte, senti dores e comecei a sentir medos.
Medo de perder as pessoas, medo de perder os amigos, o medo de perder a coragem, medo de perder a consciência e o medo de perder a fé. Quando percebi, me deparei com o medo de morrer.
Em seguida, comecei tentar entender, ouvir, enxergar, me localizar, me sentir, pedir socorro e aguardar.
Percebi então, que estava só, no escuro, no frio, na chuva e, o gosto de sangue e terra se revezava em minha boca.
Minutos após, as lágrimas lavaram meus olhos doloridos, consegui então ver luzes dos faróis de carros. Estas luzes passavam rapidamente levando parte da minha esperança.
As luzes sumiram, e voltei a escuridão e novamente tentando entender e ouvir as coisas a minha volta, sem ter respostas e com dúvidas, chamei e clamei por Deus.
Deus veio a mim, conversamos, perguntei coisas, desabafei outras e assim, ficamos ali por horas e horas conversando.
Meu corpo doía, o ar faltava, o gosto de sangue aumentava e a conversa com Deus ficava difícil, por não haver mais forças para desprender as palavras.
Deus, apoiou minha cabeça sobre meu próprio pescoço e disse, fique forte.
Comecei a brincar com minha consciência, contei os números, falava o alfabeto, lembrava nomes de familiares, amigos, conhecidos, companheiros de trabalho. Lembrei nomes de pratos das comidas que gostaria de comer, marcas de cigarros que um dia fumei, e de outras coisas não tão importantes, mas que me faziam descontrair e as vezes me sentir relaxando em meio a algum lugar que não mais imaginava ser.
Veio o cansaço, o ar cada vez mais se tornava difícil, a sede aumentava, e as águas que passavam por minha face, eu as lambia sentindo arranhar.
Já sem imaginar o tempo que ali estava, sentia me cansado, exausto e sonolento. Chamei novamente por Deus, ele deveria estar ocupado, pois não conseguia vê-lo, ouvi-lo ou sentir sua presença naquele local.
Sentia-me fraco, sem vontade de continuar a brincar com minha consciência, achei que estava desistindo da vida, que nada, era apenas o frio que aumentava e derrepente percebi que meu corpo não era mais meu, pois mexer já não conseguia desde ao início de tudo, mais neste momento não o sentia mais.
Tentava soltar algum som para obter algum sinal de alguém, mas era vão. Voltei então a conversar, relembrar e comentar vários assuntos, quando percebi que esta conversa era comigo mesmo, eu perguntava e eu respondia, achei um momento de loucura.
Sem conseguir abrir meus olhos, senti a sensação do claro, algo se modificava em minha volta, demorei mais percebi então que era o dia que clareava, a escuridão tinha passado, um novo dia estava surgindo, mesmo sem força, sem gestos ou reações, ainda tinha a vontade de viver e ver os dias e noites, o sol, a chuva o vento as coisas de Deus.
Foi quando, anjos de Deus foram enviados, e as coisas foram sendo modificadas.
Ouviram-me, me retiraram, me transportaram, me sedaram, me cuidaram, me acompanharam e, o mais importante, rezaram e pediram por mim. Deus conversou comigo, mais tenham certeza, ele ouviu a prece de cada um.
Hoje eu entendo que o anjo que vi lá no início pediu por mim, meus amigos que se foram me seguraram e me protegeram.
Deus também precisa de guerreiros, por isto os colocou ao seu lado, para poder levar como exemplo que, ao fazer as coisas que realmente amamos, nos entregamos de corpo e alma.
Antes de tudo acontecer, eu estava com eles, e via em seus semblantes a alegria de estar prestando aquele serviço, fazendo o possível pelo próximo, e orgulho de estar servindo a uma família chamada Defesa Civil.




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